Bem pessoal, continuando com as caminhadas pelo Paraná, nesse último final de semana (18 e 19 de abril) atacamos o Morro do Caratuva, o segundo maior Pico do sul do Brasil, com 1850 metros de altitude.
Primeiro vou falar um pouco sobre esse lindo Pico do Sul do Brasil:
Morro Caratuva
Um passeio que vale a pena pelo visual e pela agradável caminhada por um dos trechos mais bonitos e preservados de mata atlântica no Brasil.
O Caratuva é a segunda maior montanha em altitude da região sul do Brasil, com 1850 metros.
A vegetação é composta em quase sua totalidade em Floresta Ombrófila Densa Montana e Alto-montana e de refúgios ecológicos.
Diferencia-se das outras montanhas próximas pela presença das antenas de rádio amador em seu cume, as quais podem ser vistas de longe.
A subida ao cume leva em torno de 3 horas, atravessando paisagens de rara beleza dentro da Floresta Atlântica, passando por rios, bromélias e caraguatás.
No seu cume a vegetação característica da região é a Caratuva, uma espécie de bambu anão de altitude e que batiza a montanha.
Uma planta agradável ao toque e de rara beleza.
Caratuvas
Do alto é possível avistar ao Leste o conjunto Ibeteruçu aonde localiza-se o Pico Paraná, litoral paranaense, principalmente a baía de Antonina. A Oeste, a represa do Capivari. Ao Norte, o Taipabuçu e o Ferraria. E na porção Sul / Sudeste / Sudoeste destacam-se o Itapiroca em primeiro plano, a seguir o Tucum e Camapuam e ao longe o imponente Ciririca.
Pico Paraná
Morro Ciririca
Baía de Antonina
Morro Itapiroca
Mais ao longe se avistam as montanhas das serras da Graciosa, Baitaca e do Marumbi.
A caixa de registros se encontra atrelada à segunda antena de Rádio Amador.
Sempre é bom lembrar que a área é caracterizada como área de preservação permanente .
Assim, todo o cuidado é pouco.
E lembre-se de seguir todas as regras de visitação de mínimo impacto.
Outro aviso importante é com relação às lanternas!
Como a maioria dos "acidentes" é causada direta ou indiretamente pela falta delas, é proibida a entrada na Fazenda Pico Paraná, de qualquer visitante que não esteja com sua própria lanterna e apito.
Vale a pena uma atenção redobrada, hein!
Agora Nossa Aventura:
Partimos de Curitiba as 6:30 hs em direção a Fazenda Pico Paraná pela BR-116.
Após o trevo do Atuba em Curitiba, são exatos 40 Km até o posto Tio Doca, que é avistado na BR-116 do lado esquerdo.
Passando o posto Tio Doca, loga a frente tem a ponte do Rio Tucum, no qual deve-se entrar a direita (antes da ponte) e seguir por uma estrada de chão batido por 5,5 Km.
Pronto, chegamos a Fazenda Pico Paraná.
Fazenda Pico Paraná
Após um breve período para preparativos, alongamento, fazer o cadastro e pagar as taxas da fazenda (R$ 10,00 por pessoa, no horário entre 7:00 e 20 hs, após as 20:00 e antes das 7:00 hs o valor é de R$ 15,00) iniciamos a subida do Morro Getúlio as 8:00 hs.
O Morro Getúlio é tem uma inclinação um pouco pesada e é considerado de nível médio para os praticantes, embora nós que não estamos com a forma física ideal achamos ele bem difícil e que exige demais das pernas.
Trilha do Morro Getúlio
Após 1,5 horas atingimos o pico do Morro Getúlio. Uma breve pausa para fotos e água e partimos a trilha do Caratuva.
Aí começaram nossos problemas...
Primeiro, por informações erradas de alguns companheiros que trabalham comigo e conheciam o local, estavámos com as mochilas carregadas de água, pois próximo ao cume do Caratuva não existe água... as costas estavam doendo e o cansaço estava batendo mais rápido que o esperado.
Chegando a bifurcação entre as trilhas do Caratuva e do Pico Paraná, decidimos que não atacássemos o Caratuva de frente, pegando a trilha mais utilizada para subir por ser um pouco pesada, então partimos em direção ao acampamento 1 para tentar subir o Caratuva por lá, onde a subida é um pouco mais leve.
Subida para o Caratuva de Frente
Já cansados e não conhecendo os arredores, seguimos em frente, pois com todo aquele peso seria mais fácil uma subida mais leve do que encarar de frente o cume do Caratuva.
Bifurcação - Trilha para o Caratuva - Pico Paraná
Um grande erro de estratégia...
A 10 minutos dali nos deparamos com uma bica com águas extremamente geladas e limpa... e pensar que estávamos carregando todo aquele peso até ali sem necessidade. Na volta ao trabalho vou conversar com os colegas sabichões que me deram essas dicas... :-)
Bica de Água
Seguimos em frente em um sobe e desce morros, com suas raízes a mostra e umas pequenas escaladas, numa trilha muito bonita e agradável de se caminhar, pela conservação e diversidade ecológica.
Trilha para o Pico Paraná
Exatamente ao meio dia chegávamos ao acampamento 1, que é muito utilizado pelos montanhistas para uma rápida parada ou até uma primeira pernoite.
Lugar maravilhoso, com visão privilegiada para o Pico Paraná, Morro Caratuva, Ciririca e a Baía de Antonina.
Vista do Acampamento 1 - Morro Ciririca Vista do Acampamento 1 - Baia de Antonina
A partir dali estávamos apenas eu e a Marina, pois o Ale e a Gabriela precisavam voltar para Curitiba, pois ele ainda trabalharia à noite.
o Ale nos mostrou com a maior boa vontade onde ficava a trilha para o Caratuva deixando inclusive algumas marcas para seguirmos e partiu de volta com a Gabriela...
Aí começaram nossos problemas...
Descansamos alguns minutos e iniciamos o ataque para o Caratuva.
Primeiro precisaríamos subir um morro menor, o qual batizei de morro do inferno, por não saber o nome e por ser extremamente difícil sua subida.
Morro do Inferno
Mochila pesada, abrindo caminho por meio das caratuvas no peito e uma subida de tirar o fôlego.
30 minutos depois, quase no cume do morro do inferno, nos deparamos com uma grande pedra com uma corda para a subida.
Tentamos escalá-la mas foi impossível. Tudo muito liso, sem pontos de apoio e cansaço extremo...
A solução seria descer...
Voltamos abrindo caminho por entre as Caratuvas novamente e decidimos ficar no acampamento 1 mesmo.
LC no Acampamento 1
Conversamos com alguns montanhistas de passagem que disseram que esse caminho que havíamos tentado é mais utilizado para descida e a subida é feita pela bifurcação antes da bica, conforme o Ale havia dito.
Arrumamos as coisas para o jantar e veio a noite.
De jantar, um delicioso gnochi ao molho bolonhesa com suco de uva.
Gnochi entre as Montanhas
Mais tarde, um outro montanhista, o Paulo, juntou-se a nós trazendo uma garrafa de vinho Periquita, que caiu muito bem.
Paulo e LC no Acampamento 1
Uma noite fria, por volta de 5 graus e com muito vento.
Mesmo dentro da barraca, dentro do saco de dormir, estava um pouco frio.
Era impossível dormir mais de 20 minutos seguidos, pois não levamos isolante térmico e as costas congelavam. Ficavamos virando de lado, de bruço, de lado de novo a cada 15 minutos, torcendo para amanhecer logo.
7 horas da manhã levantamos, tomamos o café e resolvemos arrumar as coisas para a volta.
LC com o Pico Paraná ao Fundo
9:30 hs, após ver o maravilhoso nascer do sol, olhar para o Caratuva com um pequeno sentimento de frustração, partimos de volta pela trilha.
LC e o Morro Caratuva, ao Fundo - Até Dia 01 de Maio
A trilha foi bem tranquila e após 1,5 horas estávamos novamente na bica.
Marina na Bica
Comemos um lanche rápido e algumas bolachas e seguimos para o Getúlio.
Bem no cume do Getúlio que foi nosso maior problema, a Marina torceu o pé bem ao lado da pedra do Grito e seu tornozelo virou uma bola.
Pedra do Grito - Cume do Getúlio
Algumas lágrimas depois, eu fiz uma atadura, passei Gelol e dei a ela um relaxante muscular. Fizemos um par de muletas de galhos de árvores e tentamos iniciar a descida do Getúlio.
Marina e suas Muletas de Galhos
Algumas pessoas estavam na pedra do Grito e ofereceram ajuda, mas eles estavam indo em direção ao Pico Paraná e não descendo de volta, por isso iniciamos lentamente a descida do Getúlio.
A Marina ia descendo passo após passo, evitando encostar o pé esquerdo ao chão e eu ia na frente, sendo utilizado como escora as vezes e outras vezes tentando descrever o caminho e qual o cuidado que ela deveria tomar.
Marina e o Sofrimento da Descida
Após quase 3 horas (o que normalmente gasta-se no máximo 1 hora), muitas paradas e gemidos, chegávamos novamente a Fazenda Pico Paraná.
Exaustos, com dores nos pés, nas costas e em músculos que nem sabíamos que existiam, sentamos no gramado e tomamos muita água diretamente da fonte que existe lá.
Após todo esse sacrifício, dores e infelizmente essa contusão da Marina, só tínhamos uma grande certeza:
"Isso não vai ficar assim! Dessa vez o Caratuva nos venceu, mas no dia 1 de maio estaremos aqui de novo, pois perdemos a batalha, mas estamos longe de perder a guerra!"
LC e o Morro Caratuva E para finalizar, Caratuva, nos aguarde, que dia primeiro de maio estaremos em seu cume nos divertindo com essa história e lembrando o quanto é maravilhoso estar em contato com a natureza, viver em harmonia, superando seus obstáculos e vendo o mais lindo por do sol do sul do país..."Video do Acampamento 1 (Pico Paraná, Baía de Antonina, Morro Ciririca, Morro Itapiroca e Morro Caratuva):
Se quiserem ver as fotos dessa aventura, entre em:http://picasaweb.google.com/theossi2/MorroCaratuvaPicoParanaCiriricaBaiaDeAntoninaEItapiroca#
Grande abraço e até dia 01/04/09.LCDúvidas, dicas ou sugestões, estejam à vontade para contactar-me:theossi@gmail.com